Agnaldo Manoel dos Santos

Escultor. Aos dez anos de idade, começou a trabalhar em diversas funções profissionais: foi lenhador, fabricante de cal e trabalhou inclusive como mineiro em uma caieira. Em 1947, tornou-se vigia no estúdio de Mário Cravo Jr., onde manifestou pendor artístico e, incentivado pelo mestre, começou a produzir suas próprias obras a partir de 1953. Suas primeiras esculturas já revelavam um forte poder expressivo e uma estética que se aproximava das artes tradicionais africanas, muito embora ele nunca as tivesse estudado. Pierre Verger lhe apresentou fotografias de esculturas africanas, de onde Agnaldo adotou a técnica de impregnar a madeira com substâncias escuras. Sua primeira exposição individual lhe valeu uma comissão para viajar à região do rio São Francisco, onde conheceu escultores populares de carrancas e estudou com Francisco Biquiba dy Lafuente Guarany, que foi, por assim dizer, seu segundo mestre nas artes plásticas. O artista então octagenário, que havia aprendido a arte da escultura desde os 30 anos em Santa Maria da Vitória, transmitiu parte do seu conhecimento ao discípulo.  Segundo o crítico Clarival do Prado Valladares, Mestre Biquiba aguçou o interesse de Agnaldo pelas Carrancas, servindo também a este como intermediário comercial no resgate de peças que, ademais, já começavam a escassear e consequentemente, a aumentar o seu valor de mercado no Brasil e no exterior. A Barca de Carranca, que servia geralmente uma tripulação de oito homens para serviços diversos, tais como despacho de encomendas, transporte de produtos para armazéns e para o comércio, estava sendo paulatinamente substituída pela canoa motorizada, que, embora não comportasse a arte da carranca, exigia menor tripulação e era mais rápida que a barca. Boa parte dessas antigas embarcações era simplesmente deixada pra trás, sem uso, com suas obras a apodrecer na lama da margem do São Fransisco. O Mestre Biquiba Guarany era quem “salvava” essas peças enviando-as à Agnaldo que, a partir de Salvador, por sua vez, alimentava galerias do Rio de Janeiro, como a Petite Galerie, que era um espaço de divulgação desde a arte neoconcreta até a arte popular como as Carrancas do São Francisco. Além de possuir várias obras no acervo do Museu Afro Brasil, suas obras também constam no acervo do Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro e integra também importantes coleções privadas

Personalidades Relacionadas

Mário Cravo Júnior
(1923)
Escultor, gravador e desenhista. 

Pierre Verger
(1902-1996)
Fotógrafo e antropólogo franco-brasileiro, notabilizado pelo estudo e registro das culturas africanas e afro-americanas.

Francisco Biquiba dy Lafuente Guarany
(1884-1987)
Escultor, carpinteiro e marceneiro, mestre das carrancas do rio São Francisco.

Clarival do Prado Valladares
(1918-1983)
Crítico e historiador da arte nascido em Salvador, escreveu no Jornal do Brasil e editou os Cadernos Brasileiros.

Lélia Coelho Frota
(1937-2010)
Antropóloga e crítica de arte, especialista na arte popular brasileira.