Eustáquio Neves

(Juatuba/MG, 1955)

Fotógrafo e artista multimída. Teve formação artística autodidata, mas incorporou em sua técnica conhecimentos advindos de outras áreas de atuação. Em 1979, formou-se técnico em Química Industrial, profissão que exerceu em Goiás até 1984 e que lhe rendeu recursos para as manipulações de negativos fotográficos que viria a executar mais tarde. Da mesma forma, declarou que seu aprendizado de violão clássico o ajudou a organizar a edição de imagens com métrica e ritmo. Atuou como freelancer nas áreas de publicidade e documentação a partir de 1984. Em 1987, montou em Belo Horizonte um pequeno estúdio fotográfico. A partir de 2005, passou a produzir também vídeos. Vive e trabalha em Diamantina/MG. Realizou mais de 30 exposições individuais em várias cidades brasileiras, em Cuba, nos EUA, na França, no Mali, em Moçambique e na Finlândia, e participou de mais de 40 exposições coletivas, destacando-se sua participação na Coleção Pirelli/MASP de Fotografia (1996), na 6º Bienal de Havana (1997) e na Bienal de São Paulo/Valência (2007). Publicou fotos em diversas obras, com destaque para Eustáquio Neves Monograph (1996), catálogo publicado em Londres, e para Fotoportátil (2005), seu primeiro livro. Conquistou nove prêmios, com destaque para o 7º Prêmio Marc Ferrez de Fotografia (Rio de Janeiro, 1994), o Prêmio Nacional de Fotografia do Ministério da Cultura e Funarte (Rio de Janeiro, 1997), o Grande Prêmio J. P. Morgan de Fotografia (São Paulo, 1999) e o Prêmio Especial Porto Seguro de Fotografia (São Paulo, 2004). Sua obra fotográfica aborda, entre outros, temas relativos a questões raciais, e parte dela é composta por meio de técnicas de montagem em laboratório nas quais o artista sobrepõe a uma imagem principal fragmentos de outros negativos, cópias de outras imagens e informações verbais. Mark Sealy afirma que “Eustáquio Neves nos pede para analisar o que de fato mudou e abre nossos olhos para as muitas formas da escravidão contemporânea”. Para Rubens Fernandes Junior, o artista rompe com o paradigma convencional da fotografia, “não acredita apenas no registro da câmera fotográfica e produz uma imagem permeada por outras imagens que ampliam significativamente nossa percepção”. Com isso, segundo Eder Chiodetto, cria “camadas em profundidades distintas” que obrigam os olhos a “realizar uma prospecção para dentro” da imagem.