Mário Cravo Neto

(Salvador/BA, 1947-2009)

Fotógrafo, escultor e cineasta. Filho de Mário Cravo Júnior, com quem iniciou sua formação artística na escultura e na fotografia aos 17 anos. Em 1964, viajou com o pai para Berlim, Itália e Espanha e travou contato com Emílio Vedova e Max Jakob. Voltou ao Brasil em 1965 para finalizar os estudos secundários e mudou-se para os EUA, onde estudou na Art Student League, desenvolveu esculturas em acrílico com plantas vivas e praticou a fotografia. Voltou ao Brasil em 1970 e, entre 1971 e 1974, praticou intervenções artísticas em ambiente natural e urbano, produzindo ainda curtas-metragens e um trabalho que integrou a linguagem escultórica e a fotografia. A partir de 1980, sua produção se concentrou na fotografia, tematizando o universo baiano. Em 1998, iniciou-se no candomblé e, a partir daí, começou a explorar os cultos afro-baianos em sua produção fotográfica. Realizou exposições individuais e coletivas no Brasil, nos EUA, no Senegal e em diversos países da América Latina e da Europa e sua obra gerou a edição de 14 livros em diversos países. O artista conquistou nove prêmios, entre eles o de melhor fotógrafo do ano da Associação Paulista de Críticos de Arte (1980 e 1995), o Prêmio Nacional de Fotografia de 1996 e o prêmio Artista do Ano da Associação Brasileira de Críticos de Arte de 2005. Segundo Ligia Canongia, “ter relacionado o campo da religião ao mundo do sonho, reconhecendo aí a capacidade humana da produção – poética ou mítica – do símbolo, é um dos substratos do trabalho de Cravo Neto”. Para ela, sua obra funde elementos humanos, naturais e religiosos “buscando recompor o todo cósmico, o magma essencial. É curioso, porém, que a ideia deste Todo se realize por recortes [...], assim como por partes de figuras humanas e partes de coisas e bichos, que se congregam e se ajustam de maneira, além de tudo, tão econômica”. Ildásio Tavares comenta suas fotografias do culto afro-brasileiro: “as pessoas e os objetos do Candomblé têm em si, naturalmente, um significante visual e um significado religioso, compartilhado pelos iniciados. [Mário Cravo] põe lado a lado amostras do culto africano e elementos europeus que, em vez de contradizer a tendência africana, nela se integram e ajudam a explicar a alquimia negra".

Personalidades Relacionadas

Mário Cravo Júnior
(1923)
Escultor, gravador e desenhista, fez parte da primeira geração do modernismo baiano.

Emilio Vedova
(1919-2006)
Pintor italiano, influente nas vanguardas italianas do período após a II Guerra Mundial.

Max Jakob
(1867-1958)
Intelectual alemão especialista em história da arte.

Ildásio Tavares
(1940)
Escritor e compositor baiano, recebeu o título de Obá de Xangô, dedicado aos amigos do terreiro de candomblé Opó Afonjá.