Artistas Barrocos


Os artistas barrocos brasileiros expressam em suas obras as características de um estilo que foi apropriado da Europa a partir do séc. XVIII. A produção artística do período era realizada em corporações de ofícios nas quais havia um mestre que ditava o plano da obra, enquanto seus discípulos geralmente executavam o grosso do trabalho. Embora os artistas do período fizessem de início adaptações estilísticas das produções da metrópole, as realizações do barroco no país encarnaram características singulares e não constituíam mera cópia do modelo europeu, ainda que, segundo alguns historiadores da arte brasileira, essa singularidade apareça na arte barroca do país apenas de modo latente. Que se atribua essa inventividade à inserção do “mulato” ou a alguma outra particularidade da sociedade colonial, essa é uma questão a se desenvolver. É fato, contudo, que os mulatos Teófilo de Jesus, Frei Jesuíno de Monte Carmelo, Mestre Valentim e sobretudo Aleijadinho figuram entre os representantes máximos do estilo. 

No livro “Arte Africana: altos e baixos de um conceito” (SILVA, 2016, pp.17-8) um dos pesquisadores do Museu Afro Brasil indica outros artistas negros que perfazem o barroco e além. “No período pré-acadêmico, por exemplo, entre os ancestrais negros da arte brasileira, havia artistas como Manuel Ferreira Jácome (1677-1736) o ex-escravo Manuel da Cunha (1737-1809) que, com sua pintura, comprou sua liberdade; uns ancestrais da arte brasileira nem tanto, mas outros bem conhecidíssimos como Leandro Joaquim (c.1738- c.1798); José Theófilo de Jesus (1758 – 1847); José Patrício da Silva Manso (c. 1753 - 1801)10; Francisco das Chagas, o Cabra; Silvestre de Almeida Lopes (17??-18??); Raimundo da Costa e Silva (Rio de Janeiro, 17??-18??);  aqueloutro pré-histórico flâneur des arts, conhecidíssimo Mestre Valentim (1745 - 1813); Veríssimo de Freitas (1758-1806); o citado Frei Jesuíno do Monte Carmelo (1764 –1819); Jesuíno Francisco de Paula Gusmão (1764-1819); Francisco Amaral (17?? – 1830); o próprio Aleijadinho (1730 - 1814) e seus discípulos escravos, a exemplo de Agostinho, o angola, e o entalhador africano de nome Maurício; Januário; Abdias do Nascimento nos lembra dos nomes do escravo Sebastião (séc. XVIII), do pintor sergipano erradicado na Bahia Oséias dos Santos (1865-1949) professor da “Escola Normal da Bahia” por 38 anos, dos cariocas Martinho Pereira e João Manso Pereira; além dos artistas que, seja pelo talento, seja por sua insistência atuaram e deixaram suas marcas mesmo no período elitista acadêmico, ademais muito menos elitista e racista do que a academia de hoje.

Figuras de destaque como Manuel Dias de Oliveira (1764/7-1837), relatado como de origem negra (ARAUJO, E., 2010, p.36), sendo o primeiro professor público de desenho do Brasil e o primeiro a ministrar o ensino do nu dando aulas em sua própria casa no Rio de Janeiro. O artista foi afastado do magistério por decreto de Pedro I, em 15 de outubro de 1822, fundando um colégio para meninos sete anos antes de falecer (ARAUJO, E., 2010, p.37); temos ainda outros nomes de negros artistas como Vitoriano dos Anjos Figueiroa (1765-1871); Antônio Joaquim Franco Velasco (1780 – 1883); Joaquim José da Natividade (finais do séc. XVIII); Bento Sabino dos Reis (17?? - 1843); Domingos Pereira Baião (1825-1871)”, entre outros nomes.


Núcleo de Pesquisa/Museu Afro Brasil


Referências 
ARAUJO, E. A Mão Afro-Brasileira: significado da contribuição artística e histórica. São Paulo: 2ª. Ed. Museu Afro Brasil, 2010. [1ª. Ed. Tenenge, 1988]
SILVA, R.A. Arte Afro-Brasileira: altos e baixos de um conceito. São Paulo: Ferreavox, 2016.