Festa do Divino Espírito Santo


A Festa do Divino Espírito Santo é uma das mais antigas e difundidas tradições do catolicismo popular brasileiro. A origem dos festejos está ligada a data do Pentecostes, celebrado cinquenta dias depois da Páscoa. Para o calendário dos hebreus, a data marcava o fim das colheitas do trigo e o momento de festejar e agradecer pelas boas safras. Segundo a crença católica no Novo Testamento, essa mesma data marca o dia em que o Espírito Santo teria se manifestado nos apóstolos, que passaram a pregar a palavra divina em diversos idiomas diferentes. Em Portugal, o estabelecimento da Festa do Divino ocorreu ao longo do século XIV, quando a celebração foi instituída, sob a influência de costumes pagãos, pela Rainha D. Isabel (1271-1336), canonizada em 1625 como Santa Isabel de Portugal. Conta-se que a então rainha portuguesa determinou que, durante a festa, fosse coroado rei um menino, alimentos fossem distribuídos entre os mais humildes e que alguns presos fossem soltos. Tudo isso ocorreria porque o Divino iria imperar e cair sobre todos e a terra então viveria em fartura e perdão. A festa simboliza, desta forma, o começo de uma nova era marcada pela prosperidade, bondade, igualdade, fraternidade e outros valores cristãos.

A tradição da Festa foi trazida ao Brasil pelos portugueses e aqui adquiriu características específicas e locais, sendo geralmente comemorada entre maio e junho, não necessariamente atrelada à data do Pentecostes. Como não era uma festa oficial do calendário cristão e, portanto, não havia sobre ela o controle rígido da Igreja, a comemoração adquiriu feições e características populares que resultaram no contraste entre momentos sagrados e profanos distribuídos ao longo das festividades. A Festa do Divino é celebrada de norte a sul do país, em cidades como Pirinópolis (GO), Mogi das Cruzes e São Luiz do Paraitinga (SP), São João del-Rei (MG), Poções (BA), São Luis (MA) entre muitas outras. Os festejos duram cerca de 20 dias, em meio a alvoradas, rezas, cortejos, missas, danças e apresentações musicais de grupos tradicionais. 

O rico simbolismo da Festa do Divino é expresso através de objetos de liturgia, vestimentas, ornamentos e adereços como os que aqui podem ser observados. O pombo, representado quase sempre no topo de um mastro e às vezes envolto em uma coroa onde são amarradas as fitas com as promessas dos devotos, simboliza o Espírito Santo encarnado, elemento central da Festa. A coroa e o cetro são objetos que simbolizam o poder do Imperador, indivíduo responsável, ao lado de sua corte, por zelar pela festa e mobilizar as pessoas. A cada ano um novo imperador e uma nova corte são coroados, sendo escolhidos entre pessoas da comunidade envolvidas com os festejos. A corte anda sempre acompanhada da bandeira do Divino, que traz a cor vermelha e o pombo ao centro. O vermelho da bandeira remete ao fogo, forma pela qual o Espírito Santo se manifestou aos apóstolos.