Museu Afro Brasil Emanoel Araujo apresenta “Mães - No imaginário da arte”

  • Wagner Celestino - A mestra (Série o Cortiço) - Fotografia - Coleção do artista
  • Wagner Celestino - A mestra (Série o Cortiço) - Fotografia - Coleção do artista

Com mais de uma centena de obras, a mostra, com curadoria de Claudinei Roberto, celebra as variadas representações e sentidos dessa figura central em todas as sociedades e é um dos destaques do Programa de Exposições da instituição no primeiro semestre, que conta ainda com abertura de outras duas exposições na mesma data.

O Museu Afro Brasil Emanoel Araujo, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, inaugura, no dia 13 de maio, às 11h, véspera do Dia das Mães, três exposições, dentre elas, “Mães - No imaginário da arte”, mostra gratuita que celebra a iconografia e os diversos sentidos da figura materna.

A realização compõe o primeiro conjunto de exposições temporárias após o falecimento de Emanoel Araujo (1940-2022), de forma eloquente e abrangente, como preconizava o fundador e diretor curador da instituição, num recorte que privilegia a arte brasileira colonial, acadêmica, moderna e contemporânea. 

Mais de uma centena de obras, entre pinturas, murais, esculturas, gravuras e desenhos, confirmam o interesse e o poder que artistas de diversas matrizes culturais compreendem emanar dessa figura que é central a todas as sociedades. Obras do importante artista mineiro Maurino Araújo (1943-2020) e da contemporânea Lidia Lisbôa, artista paranaense radicada em São Paulo, integram esse diversificado conjunto.

Claudinei Roberto da Silva, curador convidado da instituição em 2023 e idealizador da mostra, ressalta a centralidade da figura materna desde a aurora da humanidade, com as primeiras representações pictóricas ou esculturais da “Grande Mãe”, da mítica e fundamental provedora da vida. 

Elemento primordial a diversas cosmogonias, a Mãe também ganhou expressão nas literaturas sacras e profanas, nas potentes tradições estabelecidas através da oralidade, nas representações gráficas e pictóricas que seriam disseminadas em manuscritos e compêndios. Sua representação ocupou e ocupa, desde as paredes da mais recôndita caverna até os nichos e altares dos templos humildes ou suntuosos; ela se encontra nos ilês e nos terreiros, e na tradição do muralismo que ocupa as grandes metrópoles do ocidente.

Claudinei Roberto da Silva ressalta ainda o papel exercido pelas mães entre os afrodescendentes no Brasil e em outros territórios da afrodiáspora, extrapolando o nicho familiar, destacando a figura das ’mães de santo’. “As imponentes ialorixás, matriarcas que regem a vida espiritual e social de comunidades inteiras que, desde muito tempo, resistem, acalentam e incentivam a construção das complexas redes de relações que criam histórias e memórias”, enfatiza.

“A exposição marca um reencontro do curador com a instituição na qual atuou, há alguns anos, junto a seu fundador, Emanoel Araujo, no Núcleo Curatorial e, igualmente, como Coordenador do Núcleo de Educação. Trata-se do primeiro projeto concebido por Claudinei Roberto da Silva para o Programa de Exposições do Museu, em 2023, do qual é curador convidado, e será seguido por outros, ao longo do segundo semestre”, menciona Sandra Salles, Diretoria Executiva da Associação Museu Afro Brasil.  

Artistas da mostra: Agenor Francisco dos Santos Jr, Agnaldo Manuel dos Santos, Aline Bispo, Antônio Ferrigno, B.B, Bruno Giorgi, Bruno Marcitelli, Candido Portinari, Christiana Moraes, Claudia Andujar, Cleiri Cardoso, Diego Mouro, Eduardo Ver, Emiliano Di Cavalcanti, Flávio de Carvalho, Gilda Vogt, Hanna Lucatelli, Jean-Baptiste Debret, José Celestino da Silva, José Pancetti, Jules Le Chevrel, Júlio Guerra, Justino, Lidia Lisbôa, Lucílio de Albuquerque, Marcelo Zizu, Mário Zanini, Marjô Mizumoto, Maurina Pereira dos Santos, Maurino Araújo, Modesto Brocos y Gomes, Nilson Sato, Pedro Peres, Pierre Verger, Placidina F. do Nascimento, Povo Yombe, Rosana Paulino, Mestre do Bolo de Noiva, Sidney Amaral, Suzanne Bétous, Wagner Celestino.

Além de “Mães - No imaginário da arte”, o Museu Afro Brasil Emanoel Araujo inaugura, no dia 13 de maio, a mostra “Bará”, individual do artista mineiro Gustavo Nazareno. Com curadoria de Deri Andrade, “Bará” apresentará ao público um conjunto composto por cerca de 150 trabalhos, entre pinturas a óleo sobre linho e desenhos em carvão, refletindo a pesquisa à qual o artista tem se dedicado nos últimos anos.

Será inaugurada, na mesma data, a mostra “Artistas Contemporâneos – Angola, Benim, Portugal, Senegal”, com cerca de 40 obras de 10 artistas, pertencentes ao acervo do Museu e a colecionadores, em homenagem a outra efeméride celebrada no mês de maio: o Dia Internacional da África (25/05). Destaque da mostra é a remontagem da instalação “Estúpidos e Inúteis”, do artista beninense Aston, que traz de volta ao museu uma obra de grande impacto, que não é apresentada na instituição desde a premiada exposição Africa Africans, realizada em 2015. Segundo Claudio Nakai, coordenador do Programa de Exposições, a mostra é “uma releitura de exposições sobre arte africana, com curadoria de Emanoel Araujo, organizada pela equipe do museu”. 

Além das exposições, os projetos mencionados incluem uma ampla programação, compreendendo encontros com artistas e curadores, exibição de filmes, atividades educativas, visitas e eventos temáticos, dentre outras ações. 

Claudinei Roberto da Silva:  (professor, curador, artista visual) nasceu em 1963 em São Paulo, onde vive e trabalha. Formado em Educação Artística pelo Departamento de Artes da Universidade de São Paulo. Como curador realizou, entre outras, a exposição do artista Sidney Amaral “O Banzo, o Amor e a Cozinha”, no Museu Afro Brasil, a “13ª Bienal Naïfs do Brasil”, no Sesc Piracicaba e a série “Pretatitude. Insurgências, emergências e afirmações. Arte afro-brasileira contemporânea” em várias unidades do Sesc São Paulo. Também contribuiu como curador convidado para o projeto de “Pesquisa MAC USP Processos Curatoriais - Curadoria Crítica e Estudos Decoloniais em Artes Visuais: Diásporas Africanas nas Américas”. Coordenou o Núcleo Educativo do Museu Afro Brasil e é curador convidado da instituição para o ano de 2023. É também curador convidado para o “Programa de orientação em artes visuais POPAV”, do Centro de Pesquisa e Formação CPF SESC - São Paulo, no mesmo ano. Curador do 37º Panorama das Artes do Museu de Arte Moderna de São Paulo (2022-2023), faz parte do Conselho Curatorial da referida instituição. Enquanto artista, tem obras no acervo do Museu Nacional de Cultura Afro-brasileira - MUNCAB, em Salvador, Bahia.

Museu Afro Brasil Emanoel Araujo
Horário de Funcionamento: 3ª feira a domingo –10h às 17h (permanência até 18h)
Ingressos: Entrada Inteira: R$ 15,00 // Meia Entrada: R$ 7,50
Grátis às quartas-feiras.

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