(Salvador/BA, 1917-2013) Escultor e sacerdote. Foi em 1925 que o menino de oito anos Deoscóredes foi iniciado no culto aos ancestrais (Egungun) da tradição iorubá na Ilha de Itaparica/BA. Carinhosamente tornou-se conhecido como “Mestre Didi”. É um herdeiro da grande tradição do reinado de Ketu, saber recebido da “vaidosa senhora de melindres e delicados gestos”, dona Maria Bibiana do Espírito Santo, mais conhecida como Mãe Senhora. Em 1975, Didi recebeu a mais alta hierarquia sacerdotal Alapini no culto aos Ancestrais Egun. Em 1980 fundou a Sociedade Religiosa e Cultural Ilê Asipá, do culto aos ancestrais Egun em Salvador, Bahia. Publicou vários livros sobre a cultura iorubá, cinco dos quais em parceria com a antropóloga Juana Elbein dos Santos, sua esposa. Em 1964, realizou a primeira de suas várias exposições individuais realizadas tanto no Brasil quanto no exterior, incluindo, em 2009, Mestre Didi: o escultor do sagrado – homenagem aos 90 anos, no Museu Afro Brasil (São Paulo). São mais de 30 exposições coletivas, entre as quais Os herdeiros da noite (Pinacoteca do Estado de São Paulo/Centro de Cultura de Belo Horizonte-MG, 1995); Mostra do Redescobrimento (São Paulo, 2000) e Negras memórias, memórias de negros (Galeria de Arte SEIS-FIESP-SP, 2001/Museu Histórico Nacional-RJ, 2001/Palácio das Artes, Belo Horizonte/MG, 2003), Além disso, recebeu dezenas de homenagens e prêmios importantes como a Medalha Thomé de Souza/Câmara Municipal (Salvador/BA), recebida em 1995; a condecoração de Honra ao Mérito Cultural, grau de Comendador, Ministério da Cultura, em 1996; título de Dr. Honoris Causa pela Universidade Federal da Bahia, em 1999, entre outros. Para o curador Emanoel Araújo, o artista Mestre Didi e “suas obras são como uma união de antiga sabedoria, a expressão viva da continuidade e da permanência histórica da criação de uma nova estética que une o presente ao passado, o antigo ao contemporâneo, a abstração à figuração, formas compostas ora como totens, ora como entrelaçadas curvas (...) suas esculturas, em sua interioridade, são uma relação entre o homem e o sacerdote que detém o espírito íntimo das coisas e de como elas se entrelaçam entre a sabedoria do sagrado e do profano”. Fazendo uso de materiais naturais como búzios, sementes, couro, nervuras e folhas de palmeira, etc., o artista possui uma obra de fôlego inesgotável e que se perpetua em constante renovação.